SOBRE
O PROJETO
DORRIT
HARAZIM
JOSÉ
HAMILTON
ROSENTAL
CALMON
JOEL
SILVEIRA

Nas bodas, o maior espetáculo

Dorrit Harazim
Nas bodas, o maior espetáculo

(Veja, 5 de agosto de 1981)

O casamento de Charles e Diana foi uma festa magnífica em que até as falhas encantaram

Foi, naturalmente, o “casamento do século”, mas foi também a demonstração de que a monarquia, na Inglaterra, sabe fazer como ninguém uma festa capaz de marcar época. O país, como se sabe, não tem um 7 de Setembro, como o Brasil, nem um 4th of July, como os Estados Unidos – virtualmente, sempre foi independente. Só recentemente, também, é que a Inglaterra se juntou à numerosa lista de países que comemoram feriados mundiais, como o primeiro dia do ano ou o Dia do Trabalhador. Em suas ruas, jamais houve desfiles de tanques nem paradas militares – e o que se vê, há vários séculos, são carruagens douradas, cavalos garbosos e soldados engalanados encenando alguma celebração especial da realeza. Essas são, para os ingleses, suas verdadeiras festas nacionais.

A celebração de quarta-feira passada foi estrondosa, inesquecível. Além da pompa esperada para o casamento do príncipe Charles, 32 anos, herdeiro da Coroa e filho da rainha Elizabeth II, com sua jovem e luminosa noiva de 20, lady Diana Frances Spencer, houve a emoção. “Tentaremos manter o caráter familiar do casamento”, imaginou em vão o arcebispo de Canterbury, Robert Runcie, o chefe efetivo da Igreja Anglicana e celebrante das núpcias. Não foi, é claro, possível – nem era desejável. A grande, espontânea e nacional celebração do casamento começou na noite anterior, com uma chuva de 20.000 fogos de artifício sobre Londres, e contou com a participação ativa da massa em júbilo. 

Embora aquartelados do lado de fora da Catedral de St. Paul, onde se realizou o casamento, comprimidos pelos 3 quilômetros que a separam do palácio de Buckingham, e espalhados em festa por todo o país, todos os britânicos se sentiram seus convidados de honra. Longe da ilha, via satélite, algo entre 750 milhões e 1 bilhão de estrangeiros assistiam, quase sempre embevecidos, ao casamento pela televisão – a maior audiência jamais conseguida na história para um tal evento.

Beijo na bochecha – Em comemorações como a posse de um presidente dos Estados Unidos, existe apenas uma metade do país contente – a outra foi derrotada. Nas celebrações da monarquia britânica, ao contrário, estão todos do mesmo lado – e aplaudindo ao mesmo tempo. “Sei que uma apresentadora de televisão não deveria dizer isso, mas confesso que fiquei com os olhos cheios de lágrimas”, reconheceria no vídeo a calejada jornalista americana Barbara Walters, da rede de televisão ABC e integrante do monumental contingente que a imprensa americana deslocou para cobrir a festa.

“Ninguém em Hollywood seria capaz de reproduzir espetáculo tão esplendoroso”, sentenciou o ator Richard Burton, convocado dos Estados Unidos, onde se encontrava, pela BBC de Londres para atuar como seu locutor oficial para o evento. Para suas colossais dimensões, talvez tenha sido, em termos financeiros, uma festa bem barata: meio milhão de libras esterlinas (algo como 90 milhões de cruzeiros), o equivalente a 12 horas de PNB do país, por sinal 80% pagas pelos recursos da própria Coroa.

Diana agora está definitivamente livre do apelido “lady Di” e transformada em princesa de Gales – título que recebeu do marido e que ornamenta o herdeiro da coroa e primogênito do soberano desde que os ingleses conquistaram o País de Gales, no século XIV. Ela foi a estrela máxima do espetáculo e iluminou as fantasias mais românticas do país. Na semana passada só parecia restar a Charles repetir a célebre frase do presidente americano John Kennedy ao chegar a uma visita oficial a Paris, e diante do sucesso de sua mulher, Jacqueline: “Eu sou o sujeito que acompanha Jackie”. Seu tropeço a repetir o nome do futuro marido na hora do “sim” (em que “Charles Philip Arthur George” foi trocado por “Philip Charles Arthur George”) arrebatou o país. Com apenas quatro nomes para alinhavar, ela trocou dois. Imagine se tivesse que repetir, comentavam os ingleses deliciados, as 47 palavras que constituem o título completo de Charles.

Quando os noivos foram finalmente pronunciados marido e mulher, às 11h18, uma ovação tão sonora quanto a de vários estádios de futebol ecoou por toda a rota do casal real. Também o “sim” foi acompanhado pela multidão nas ruas, por rádios de pilha e alto-falantes, qual coro grego. O momento do beijo no balcão, no Palácio Buckingham, foi um delírio – talvez nenhum chefe de governo moderno possa se gabar de jamais ter sido ovacionado dessa forma. E a multidão fazia questão não só de que os noivos voltassem ao balcão, mas também exigiam a presença da rainha Elizabeth II e de sua mãe, também Elizabeth – a popularíssima rainha-mãe. E o estado de bonomia dos ingleses fez com que eleparecessem se orgulhar de pequenas falhas observadas ao longo da em geral majestosa, irrepreensível festa. Era como se um toque humano tornasse tudo um sucesso ainda maior – dos atrasos ao longo de várias etapas do casamento ao nervosismo de Charles na igreja, culminando com o inesperado e encantador beijo que Diana aplicou na bochecha de lorde Maclean, o lorde camerlengo, responsável pela organização de todo o imponente casamento, antes de entrar no trem real que levaria o casal para a primeira etapa de sua lua-de-mel.

Os royals, como são chamados os membros da família real britânica, levam colossal vantagem sobre seus 2.500 convidados: a de carregar no sangue vários séculos de intimidade com o ritual da cerimônia. Por saberem exatamente quando ajoelhar, o que cantar, a quem cumprimentar e como ficar de pé, eles puderam acabar parecendo mais naturais do que os figurantes de sangue comum. A rainha- mãe, por exemplo, chorou quando teve vontade de chorar. Elizabeth II, aparentemente, não estava de bom humor. Resultado: não se constrangeu em permanecer carrancuda – de tensão emocional, dizem.

Além disso, extravasou naturalmente sua impaciência: punha os óculos, tirava os óculos, folheava mecanicamente as dezessete páginas de um programa que já conhecia de cor, e chegou a morder os lábios várias vezes. A princesa Anne, irmã de Charles, por sua vez, deixou a habitual cara fechada em casa e, ao lado do marido Mark Philips, desapontou seus críticos mostrando-se radiante e tagarela. O duque de Edimburgo, informal como sempre, cochichou várias vezes no ouvido de sua majestade. Para os royals, as emoções foram as de uma grande festa de casamento em família – o fato de cada um de seus gestos estar sendo transmitido para quase 1 bilhão de pessoas parecia secundário. Afinal de contas, nenhum deles estava com medo de errar.

Perdeu o lugar – O mesmo já não se podia dizer dos ilustres convidados estrangeiros. As armadilhas do protocolo foram tantas que boa parte dos presentes talvez só tenha conseguido saborear o esplendor da cerimônia depois de já estar em casa, vendo o videoteipe – isso, é claro, se o seu desempenho tiver sido correto. O pesadelo de cometer uma impropriedade, de não estar vestido adequadamente, de ter um acesso de tosse ou de tropeçar deixou muitos paralisados. Houve convidados que sequer ousaram virar a cabeça para ver a chegada da noiva, os olhares fixamente pregados na frente. Mesmo veteranos de grandes palcos, como a exuberante soprano neozelandesa Kiri Te Kanawa, responsável por um dos momentos mais estupendos do acompanhamento musical, admitiu ter tido várias noites de insônia. Imaginava então que seu chapéu poderia cair diante das 110 câmaras de televisão instaladas na Catedral de St. Paul antes que acabasse de cantar a preciosa ária de Haendel.

Compreensivelmente, cada dignitário estrangeiro preocupou-se, antes de tudo, em fazer boa figura em casa. O recém-eleito presidente François Mitterrand, da França socialista e republicana, fez questão de comparecer à cerimônia de terno, e não de fraque, como recomenda não o protocolo mas a tradição. Ele também foi um dos raros chefes de Estado a permanecer impassível diante da passagem da rainha. A seu lado, outros cogitaram curvar a cabeça, enveredavam por alguma reverência inusitada, e acabaram fazendo triste papel. À vontade mesmo estava apenas o rei Tupou IV, de Tonga, um arquipélago do Pacífico sul: conseguiu que uma cadeira especialmente larga fosse instalada na catedral para conter seus 150 quilos e, uma vez sentado, não mais se levantou. Outro acabou perdendo o lugar: enquanto assistia compenetrado à cerimônia, o presidente da Gâmbia, Sir Dauda Jauara, estava sendo derrubado por um golpe de Estado em seu país. No casamento ele ostentava o título de Cavaleiro do Império – concedido pela rainha a vários líderes do Commonwealth britânico – e parecia seguro em seus dezenove anos de poder.

Sem cataclismas – Para os ingleses, barbárie maior foi a entrada em cena do príncipe coroado Hassan, da Jordânia. Sua jovem mulher usava um esplêndido vestido ocidental, porém nada na cabeça – e segundo as regras do figurino real, apenas as mulheres vestindo roupas típicas estão isentas do uso absolutamente obrigatório de chapéu. Fora isso, não houve cataclismas, ou pelo menos nada comparável ao que ocorreu durante o casamento do penúltimo príncipe de Gales, o futuro rei Eduardo VII, em 1863. Naquela ocasião, um menino de 5 anos – que mais tarde seria o belicoso Kaiser Guilherme II da Alemanha – mordeu seu tio no joelho e espetou metade dos convidados com um sabre. Os representantes da poderosa realeza europeia da época, por sua vez, engalfinharam-se em ruidosa briga pela ordem de precedência – todos se consideravam mais monarcas que os outros.

É bem verdade que as cabeças coroadas hoje não têm mais sequer motivos para brigar entre si. Tirando-se a ruidosa ausência do rei Juan Carlos, da Espanha, o único episódio próximo a um incidente envolveu um chefe de Estado republicano – o presidente da Grécia, Konstantinos Karamanlis, de 74 anos. Entre os presentes encontrava-se o “Rei dos Helenos”, ou melhor, o ex-rei Constantino da Grécia, residente na Inglaterra desde 1975 e vivendo atualmente de rendas e bicos.

Inconformado com essa impropriedade, Karamanlis alegou “problemas de saúde” e cancelou sua viagem a Londres à última hora.

Sem o Aga Khan – A polêmica em torno de ser ou estar rei não foi adiante. Mas o que aborreceu consideravelmente a rainha Elizabeth II e promete ter desdobramentos no futuro foi a omissão, na lista dos convidados reais, de seu velho amigo Aga Khan. Dono de uma fortuna estimada em 500 milhões de libras (algo como 90 bilhões de cruzeiros) e líder espiritual de 15 milhões de muçulmanos ismaelitas espalhados pelo mundo, o Aga Khan é nome obrigatório das listas mais fechadas do Palácio de Buckingham. Nem o lorde camerlengo, responsável principal pela organização dos festejos, consegue explicar o que houve. Nascido há 44 anos na própria Inglaterra e agraciado com o título de165 Sua Alteza, também ele costuma incluir os royals entre seus convidados especiais. Tanto a princesa Margaret, irmã de Elizabeth, como a princesa Alexandra de Kent, prima da rainha, já passaram temporadas brilhantes em sua valiosíssima propriedade italiana na costa Esmeralda, na Sardenha. Obviamente, dessa vez, o Aga Khan não se manifestou para oferecer ancoradouro ali ao iate Britannia, a bordo do qual, nesta semana, Charles e Diana estarão passando sua lua-de-mel.

“California Chic” – Era inevitável que houvesse ressentimentos aqui e ali, em se tratando de um acontecimento de dimensões planetárias. Para Nancy Reagan, essa semana inglesa foi uma das provas mais duras em sua ainda curta carreira de primeira-dama dos Estados Unidos. Apesar da compreensão formal para com as medidas de segurança que acompanhavam, seus deslocamentos acabavam provocando um severo levantar de sobrancelhas: tratava-se de seis reluzentes limusines (uma blindada e à prova de balas), escoltadas por dois carros da polícia, três batedores e um helicóptero da Scotland Yard – sem falar dos doze guarda- costas trazidos diretamente de Washington. Tudo isso, é claro, chamava atenção – bem mais do que a astuta camuflagem policial instituída pela primeira vez junto a um cortejo real. De fato, pouca gente ficou sabendo que os dois lacaios de peruca longa e chapéu tricórnio que acompanhavam as carruagens da rainha e do príncipe de Gales no dia do casamento eram, na verdade, sargentos do esquadrão

de segurança especial. Outro segredo guardado a sete chaves foi a ordem pessoal dada por Elizabeth II ao comandante de sua segurança, Michael Trestrail, para que a proteção de Charles passasse a ser sua tarefa número 1.

De forma sutil e talvez até involuntária, os arquitetos da complexa execução do cerimonial jogaram focos de luz sobre todos os passos dos royals, ao mesmo tempo em que deixavam na sombra os demais candidatos ao estrelato natural, como Nancy Reagan. Apesar de vestir cores arrojadas – rapidamente catalogadas de “California Chic” pela imprensa britânica – a primeira-dama dos EUA jamais parecia estar colocada na mira fácil das câmaras de TV. Foi necessário que ela empreendesse uma visita individual e extraordinária a uma instituição de crianças deficientes para conseguir capturar algum espaço próprio. E, na cerimônia de casamento, apesar de reluzente em seu conjunto cor de pêssego, a senhora Reagan permaneceu quase invisível na décima segunda fileira de cadeiras, ao lado de um anônimo convidado africano.

Mãe verdadeira – Duas fileiras à sua frente estava o ex-marido da princesa Margaret, o fotógrafo Tony Armstrong-Jones – ou, como reza seu título, lorde Snowdon – feliz por ter podido trazer sua nova mulher, Lucy. Pela primeira vez numa cerimônia oficial desse porte, a rainha autorizou que pelo menos os membros de segundo escalão da família real que são divorciados viessem acompanhados de suas segundas mulheres. Mas essa liberalidade, dilatada pela força dos números – um em cada três casamentos, atualmente, termina em divórcio na Inglaterra – ainda não se estende ao núcleo principal da Casa de Windsor, e tampouco aos que a ele se juntam por razões de circunstância. Assim, na ala reservada à família da noiva, na Catedral de St. Paul, não estavam o conde Spencer e sua mulher atual, mas, sim, a verdadeira mãe de lady Di, hoje sra. Frances Shand Kydd, de quem Spencer está separado há 15 anos.

O ritual exigia que se dessem o braço e ambos sobreviveram aos 70 minutos da cerimônia na igreja – sem, contudo, se falar ou olhar uma só vez. Também no reservado almoço no Palácio de Buckingham que se seguiu ao casamento, havia lugar apenas para a mãe da noiva, e não para a madrasta. Assim, foi a sra. Shand Kydd, de novo, quem sentou-se a uma das doze mesas, onde comeu cordeiro em prato de ouro maciço. Quanto à madrasta de Diana, a hoje condessa Spencer, com quem a noiva viveu desde os 8 anos de idade, foi-lhe permitido ocupar um lugar afastado na majestosa nave da catedral. Mas, embora madrastas ainda não façam parte das coisas aceitas pela monarquia britânica, Raine Spencer deu provas de ter tanto sangue-frio e categoria quanto a média dos royals presentes: sorriu o tempo todo e não se alterou quando a saúde do marido pareceu falhar em pleno altar-mor.

Lorde Spencer, na verdade, foi fenomenal – ao contrário, talvez, do que pareceu aos milhões de espectadores do casamento, surpresos com seu andar confuso, suas vacilações e um porte de quem estava para desabar no chão. Vítima de uma hemorragia cerebral três anos atrás, ele passou quatro meses desenganado e sua recuperação, ainda hoje, é apenas parcial. Ocorre que o papel escrito para ele no “casamento do século”, como pai da noiva, era simplesmente massacrante, mas o conde, de 57 anos, decidiu arriscar.

Imperturbável – Para tanto, alguns rituais tiveram de ser invertidos. Ao longo da interminável caminhada de 3 minutos e meio pelo tapete vermelho que levava da porta da catedral ao altar, foi Daiana quem apoiou o braço do pai, e não vice- versa. Houve momentos, durante a cerimônia, em que ele esteve à beira da exaustão. E, na hora de seguir para o Palácio de Buckingham, ao lado da rainha, o protocolo todo foi água abaixo: foi sua majestade Elizabeth II quem o ajudou a subir na carruagem – antes dela. Depois, quando as duas famílias foram finalmente chamadas ao balcão nobre do Palácio de Buckingham para emoldurar os recém-casados e se fazer aplaudir numa apoteose final pela massa ali concentrada, lorde Spencer não aguentou: reclinou-se numa coluna de mármore, o rosto crispado de dor, e entregou os pontos, indiferente ao que pudessem dizer ou pensar. Diana, se sentiu o drama do pai, não deu a mínima demonstração visível: como se fosse uma royal veterana, imperturbável e incapaz de faltar a qualquer dever do protocolo, procedeu durante todas as cerimônias como se não estivesse acontecendo absolutamente nada de anormal.

No fim, terá valido largamente a pena. Diana Spencer é desde a semana passada a quarta princesa de Gales da história da monarquia britânica, e, se não houver percalços, um dia será rainha da Inglaterra. A legião de admiradores que ela já abocanhou em apenas cinco meses de noivado, e que se postou ao longo do cortejo real para melhor vê-la princesa, foi brindada com o primeiro sinal exterior do seu novo estatuto. Ao rumar para a igreja, acompanhada do pai, sua carruagem de vidro era protegida por oficiais da Polícia Montada metropolitana – a mesma escolta reservada às centenas de outras personalidades VIP que também foram ao casamento. Mas na volta, sentada ao lado do príncipe Charles como sua esposa, numa carruagem aberta repleta de confetes e pétalas de rosa, lady Di já veio cercada pelos magníficos guardas montados da cavalaria palaciana, privilégio da família real. A partir do momento em que assinou pela última vez o nome Diana Spencer no livro de registros da Catedral de St. Paul, ela entrou para a família dos royals, e pela porta da frente: à exceção da rainha, da rainha-mãe, do duque de Edimburgo e do príncipe Charles, todos os demais membros da família real passam agora a curvar-se à sua passagem. Começa, assim, seu longo aprendizado de rainha.

Por enquanto as obrigações cerimoniais ainda parecem distantes. As imagens do indevassável Palácio de Broadlands, propriedade rural do falecido Mountbatten, tio-avô do príncipe, onde os noivos foram passar os primeiros dias de lua-de-mel, depois de embarcarem no trem real na estação de Waterloo, sugeriam um repouso merecido após o magnífico e extenuante espetáculo que compartilharam na última quarta-feira. A partir desta semana, serão duas semanas de romance e paz a bordo do hotel mais exclusivo e luxuoso do mundo – o iate real Britannia. Nenhum dos 22 oficiais e 254 marinheiros que o acompanharão no cruzeiro conseguirá perturbar sua privacidade, e a escolha do que fazer a bordo é praticamente ilimitada.

Se eles serão felizes para sempre, ninguém sabe – suas chances são mais ou menos iguais às de quaisquer outros casais da realeza. Mas os milhões de pessoas em todo o mundo que saborearam com encanto o espetáculo por eles encenado podem apenas fazer eco ao curto editorial em letras grandes do Daily Mail de 30 de julho: “Parabéns à rainha, ao conde Spencer, à população, aos magníficos cavalos, ao tempo e à catedral. Parabéns sobretudo à própria Inglaterra, que num dia de sol, em julho de 1981, tornou-se o lugar mais invejado do mundo”.